Excelente matéria, estava ansioso para voltar a esses debates... Não há nada a se comemorar em um regime autoritário, de fato. A falta de democracia em si, já é uma tortura em massa a qualquer população do planeta. Não há como contestar que houve uma ditadura no Brasil, tanto que ninguém duvida disso (ou quase ninguém). No entanto, não dá pra engolir que tudo o que dizem são verdades, correto? Neste mesmo período (renúncia de Quadros e ascensão de Jango), como você mesmo disse, houve manifestações populares sobretudo conservadoras contra o que Jango supostamente propôs ao país, manifestações quais expressaram nitidamente um descontentamento popular generalizado contra aquelas ideias que em maior parte, não significava apenas o oposto que os "ricos, militares, conservadores em gerais" queriam, mas sim, um clamor popular generalizado, que resume ao que nós vemos hoje: governistas dizem que o que está acontecendo aqui é claramente em prol de uma realidade burguesa, opressora, facista, etc. o que não expressaria a vontade real do povo - que ao ver deles (governistas) são totalmente o contrário -, mesmo após a maior manifestação da história (13 de março de 2016) "desenhar" totalmente o oposto do que o governo continua insistindo. Xeretinha, como de costume, deu um espetáculo de realidade, muito do que pouco raciocinam... O contexto era tão diferente que (usando o exemplo de Cuba) num cenário de Guerra Fria do momento, se nós virássemos realmente comunistas e alinhados ao eixo soviético, não preciso não dizer que seríamos destruídos pelos EUA, né? Cuba é apenas uma ilha, somos um país continental, e nos setores mais expressivos das américas (poderio econômico, militar e de influência) sempre fomos poderosos no continente. É provável que nem existiríamos mais se o comunismo fosse implantado aqui naquele período, apesar das controversas existentes sobre as reais intenções que Jango tinha na época. Não há razões para se defender uma ditadura, seja ela de esquerda ou de direita, mas o que não é exibido com a devida importância (mas deveria) é que nem todas as manifestações contra o regime era em prol da democracia, e nem todos os manifestos eram com "bandeirinhas" como hoje. Vários dos movimentos que na época haviam e hoje são até partidos políticos ou ramificações, lutavam aqui (treinados em Cuba, URSS, Coréia do Norte, Albânia e etc.) armados com granadas e fuzis, chegando a matar e torturar civis, sequestrar autoridades e planejar verdadeiros atentados terroristas contra o regime, tudo em prol de ditaduras semelhantes as que conhecemos como "ditadura do proletariado". Muitos destes "terroristas" (assim considerados pelo regime) eram de fato torturados, mas muitos inocentes também. Da mesma forma que acontecia com o lado oposto, tendo soldados e inocentes também entre as vítimas. A verdade é que muitos desses "manifestantes armados" têm poder hoje em dia e, podemos considerar que, em razão disso, vários fatores do que também nos deve ser divulgados e que foram cometidos por estes hoje "poderosos" são ocultados da sociedade já na escola. A criação da Comissão da Verdade para avaliar os supostos crimes cometidos por militares e a não criação de uma também comissão para avaliar os crimes semelhantes cometidos pelo lado oposto (a qual a presidente atual supostamente fazia parte), por exemplo. É visível que hoje, a esquerda "mais poderosa" que combinava o PT e suas linhas auxiliares (ou ex-auxiliares) hoje está quase que destruída e, em razão de tudo que acontece hoje e como consequência do enfraquecimento supracitado de ideologia esquerdistas, é esperado que já em 2018 haja um crescimento significativo da direita no Brasil, sobretudo, uma volta expressiva da direita conservadora. Ao meu ver, isso desespera a vários partidos e organizações também de esquerda, elevando-a (a direita) inclusive até a níveis facistas e nazistas, sem argumentos racionais para tal.
