poema sobre o trem

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Dez 12, 2016
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No fim da tarde, com o sol já se escondendo,
me jogo no trem — suado, apertado, cansado.
Corpos se espremem, quase viram um só,
ninguém sentado, ninguém à vontade, só o empurra-empurra.


O trilho range, a porta fecha,
o ar já vai embora e começa a batalha.
Mal respiro e o caos já se instala:
um cheiro estranho surge, sorrateiro.


Quem foi? Ninguém assume.
Os olhares se cruzam, rápidos, desconfiados.
É um gás traiçoeiro, sem cor nem som,
invadindo narinas como quem não quer nada.


Tentamos manter a pose, fingir que não é nada,
mas o tal peido vence — e vence feio.
Um finge que dorme, outro revira os olhos,
e o clima no vagão fica simplesmente insuportável.


É uma guerra muda, uma bomba silenciosa.
O trem vira uma câmara de suor e desespero.
E, mesmo assim, no dia seguinte, lá estamos de novo,
encarando tudo com a velha resignação.


Porque nessa rotina de aço e cansaço,
sempre tem um traidor silencioso no ar.
E a vida, com aquela ironia fina,
nos lembra: o trem é poesia… e também flatulência no fim do dia.​
 

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